quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Cone lipoaspirante.

Voltar a andar na linha nunca é algo que acontece sem deixar certas sequelas. São as tremedeiras de fome, a irritação repentina, a vontade de esmurrar o resto das coisas, a vontade de comer todas as coisas, esmurradas ou não e, o pior de todos, os sonhos estranhos. Essa noite sonhei que emagreci. Parece fantástico né? Pegada conto de fadas. Mas permita que me explique melhor.

Lá estava eu andando por uma espécie de bosque só que sem animais perigosos nem insetos. Ou pelo menos eles não estavam à vista, mas isso não vem ao caso. Retomando, estava andando e, sim, comendo um sorvete de casquinha. Ah, eu poderia passar um bom tempo descrevendo todos os sabores e sensações que sentia ao me deliciar com meu cone gelado e saboroso, porém, isso não será saudável pra mim dada a temperatura ambiente nesse sol do meio dia. Enfim, o caso era que, a cada lambida que eu dava no sorvete, emagrecia. Basicamente, a definição de mundo perfeito. Natureza vegetal para observar, doces para comer e barriga sendo eliminada automaticamente. Incrível.

E assim foi. Continuei passeando pela selva, lambendo e murchando, lambendo e murchando, lambendo e murchando... Só que a coisa meio que fugiu do controle. Não que não estivesse usando roupas, mas em um dado momento, percebi que estava emagrecendo demais e tive a certeza de que minhas costelas já estavam à mostra. A pele apertava meus ossos causando uma baita dor. Pasmem, mas eu queria parar de emagrecer! Já não tinha mais um pingo de gordura mas não conseguia parar de comer aquele sorvete lipoaspirante. Então, ele chegou ao fim. Engoli a última mordida, a ponta da casquinha e... ´´!!PUF!!``! Virei do avesso. Cena medonha, não recomendo a imagem mental para ninguém. Acordei com calor e com fome e fui me contentar, não sem tristeza, com meu escasso café da manhã.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mas que beleza de memória!

É estranho como algumas coisas acontecem. Um exemplo? Ontem à noite, tinha um caminhão fazendo barulho na rua que me levou a voltar para a dieta. Tá certo, a coisa não foi tão simples assim. Mas também, não foi muito mais complexo não. O barulho noturno me fez sair da cama, sem sono, e me encaminhar para a cozinha, com o plano de fazer uma boquinha.

Pois é, não da muito orgulho de admitir, mas eu tinha acabado de jantar e lá estava eu, comendo. De novo. E a pança? Essa, só crescendo. Sim, minha volta pra dieta foi na base da epifania: por que mais um sanduíche gigante desses nessa hora? Faz pouco mais de um ano que comecei com esse negócio de educação alimentar. Até me envergonho um pouco de dizer, mas já esqueci tudo o que aprendi. Em minha defesa, vivo apagando da memória os aprendizados do passado. Por exemplo, não me lembro da teoria dos espelhos esféricos. Na verdade, não me lembro de nenhuma das teorias de física do colégio. Mas lembro bem do bifão de 5cm de altura que mandei pra dentro ontem no almoço. Enfim, aposto que você também não se lembra da tabelinha do seno/co-seno. A não ser que use isso, pra seja lá o que isso serve, até os dias de hoje.

A não ser que use... Ai está o problema. Me esqueci porque não usei e, ao não usar, adivinha o que aconteceu? Engordei! Mas chega. Estou de volta com tudo e vou fazer todo o esforço necessário para relembrar como é que é comer direito. Só que agora dá licença que eu tenho que esquecer um pote de sorvete que está me chamando nesse calor.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Fome, cadê você?

Não estou conseguindo comer. Fantástico né? Foi isso o que eu pensei quando dei apenas duas mordidas na minha torrada matinal, deixei meia barra de cereal de meu lanche da manhã pra trás e olhei para os dois terços do meu prato no almoço, que já era pequeno e não consegui dar a próxima garfada. Mas agora estou em dúvida. Isso não é normal. Ainda sinto fome na maior parte do tempo, mas na hora em que posso saciá-la, a vontade simplesmente desaparece. O problema é o seguinte, não sei se com isso vou emagrecer ou vou é ficar doente. E acho que tem grandes chances de não ser uma coisa boa.

É como se eu tivesse substituído minhas refeições por café. Uma coisa que te faz refletir sobre a vida no geral. Pois é, acho que a dieta tomou, definitivamente, conta de mim.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ressaca.

Ontem, acordei de ressaca. Não vou contar sobre minha noite de sábado porque os fatos não são relevantes por um lado e eu não me lembro de muita coisa por outro. Mas tem uma coisa que não da pra esquecer. O prejuízo que foi para a dieta. Tudo bem, uma vez ou outra essas coisas acontecem e ficar me lamentando não vai apagar o passado. E eu não lembrar dele também não vai fazer não ter acontecido. Enfim, voltando ao ponto, acordei depois do meio dia com a tradicional cabeça latejando e um nó no estômago. Isso pode parecer uma coisa boa porque pessoas enjoadas não conseguem comer muito, mas, no meu caso, a coisa funcionou um pouco diferente. Fiquei com muita fome. Pra piorar, não era uma fome genérica, de comida, era uma fome específica por alimentos específicos. Nem preciso dizer que nenhum deles não engordava.

Porém, de todos os itens ultracalóricos que me passaram pela cabeça, um deles não ia embora de jeito nenhum: sorvete. Era uma impressão permanente de que, a partir do momento que eu comesse sorvete, a ressaca se curaria instantaneamente. Só que eu não tinha sorvete em casa e não havia a menor condição de que eu me apresentasse em público no estado em que me encontrava, mesmo que o público fosse apenas as outras pessoas no supermercado. Então, tentando não engordar tanto e não sair de casa, resolvi fazer meu próprio sorvete.

Quem está lendo deve ter subentendido minhas habilidades então talvez seja a hora de deixar claro: eu não sei fazer sorvete! Na verdade, o que fiz foi congelar um copo de leite e uma maçã, com o plano de bater tudo no liquidificador depois. Não foi de minhas idéias mais inteligentes. Não consegui tirar o leite do copo, que acabou se quebrando e tive que jogar tudo fora uma vez que cacos de vidro, apesar de não engordarem, certamente apenas piorariam minha ressaca. A maçã até que ficou gostosa. Tentei lamber ela congelada, como se fosse um picolé, o que não deu certo também mas depois que descongelou ficou boa. Concentrou o açúcar. Se bem que quando todo o processo acabou já era tão tarde e eu tava com tanto sono que acho que nenhum sabor faria diferença alguma. Ainda bem que estou melhor hoje, mas tá difícil minha luta contra um picolé de limão.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Onde eu fui me sentar!

Não tenho filhos. Talvez seja por isso que eu não consiga entender. Mas a verdade é que não faz o menor sentido pra mim que as mães gostem tanto de trazer a sobra do bolo da festa de aniversário de seu filho pequeno para ser dividido entre o pessoal do trabalho. Principalmente porque elas pegam uma série de pratinhos de plástico, colocam fatias de bolo e as distribuem, mesmo que você não peça e te deixam numa situação na qual não é nada elegante recusar. Foi assim que eu terminei segurando um prato de bolo de chocolate com uma aparência deliciosa.

Estava naquela coisa de não saber o que fazer nem como reagir e, ao mesmo tempo, sem conseguir pensar em outra coisa que não fosse bolo, de pé, ao lado de minha cadeira quando o telefone tocou e eu atendi. Ligação importante, situação delicada. Me envolvi na conversa e apoiei o pratinho em minha cadeira. Alguns minutos depois, coloquei o aparelho de volta no gancho e me sentei. Sim, em cima do bolo. Nunca tinha feito isso antes, mas é uma sensação engraçada. Você meio que escorrega para os lados e demora um pouco pra entender o que está acontecendo. Mas até ai, tudo bem. O problema vem quando você percebe o que aconteceu. Pouco depois que você solta aquele palavrão blasfemando o mundo e seu azar e, mesmo sem ter a intenção, atrai o olhar de todos pra você.

O negócio é basicamente o seguinte: como limpar um traseiro sujo de bolo? Não dá pra tirar e lavar a roupa porque, convenhamos, não é socialmente aceitável perambular de roupa de baixo por lugares públicos. Mas não dá pra fazer mais nada a não ser espalhar ainda mais a sujeira enquanto tenta remover ela com um papel. E, pra completar, não dá pra sentar em lugar nenhum porque se não você vai sujar as cadeiras. Complicado. Mas tudo bem. Forrei o espaço para meu traseiro com alguns metros quadrados de papel toalha e bola pra frente. Quero só ver como será minha caminhada de volta pra casa, com os fundos todos sujos. Provavelmente as pessoas na rua vão olhar. E vão pensar. Droga.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vá dormir lá fora.

Eu olhava para ele e ele, de alguma forma, olhava de volta para mim. Sedutor, intenso, interessante. Me ocorreu, por quanto tempo conseguiria sustentar aquela situação sem que nada além acontecesse? Talvez não muito. Percebi que mexia minhas mãos de forma insistente. Era o nervosismo tomando o controle. Não queria que nada acontecesse, mas vai saber... Nem sempre da pra resistir. Agora, pensando bem e olhando para trás, percebo que a coisa era totalmente ridícula. Permitam que eu explique. A cena era a seguinte: eu, com meu traseiro tamanho extra apoiado sobre uma das banquetas da cozinha, a mesa, um pote de geléia sobre seu tampo e nada mais. Uma das colegas de trabalho acabou de voltar de uma viagem para o sul, onde foi visitar umas fazendinhas e acabou trazendo um pote de geléia caseira para cada pessoa do escritório. Eu ganhei o meu e tinha que decidir o que fazer com ele.

Amoras. Um de meus sabores preferidos. Era o que dizia, escrito à mão, com uma letra não lá muito legível, o rótulo com desenhos cor de rosa, impresso em grande quantidade e usado por uma grande variedade de produtores dos mais variados cantos do país. Acho, a última parte é mera especulação. Mas talvez eu estivesse sofrendo à toa. Fazendo uma tempestade em copo d’água. Tinha uma chance de, por exemplo, eu nunca conseguir abrir a tampa. Ou, da receita usada para preparar aquela geléia em si deixar o produto final com um cheiro que não me apetecesse. Não dava pra saber. Se bem que são raras as coisas feitas com açúcar que não me apetecem, seja o cheiro que for.

Voltei a olhar o rótulo, procurando algum componente químico que me desse reação alérgica mas me lembrei que não tenho alergias. Mesmo se tivesse, não havia nenhuma indicação sobre os ingredientes daquela coisa, nem a tabelinha de calorias. Estava escrito apenas “Amora” no meio do papelzinho e a data de validade no canto. Talvez fosse essa a solução. Prolongar aquela situação até que a coisa se estragasse. Mas julguei que esperar até fevereiro de 2013 era meio fora de questão. Esperar qualquer segundo além dos 25 minutos que já havia perdido naquilo estava fora de questão. Tomei uma solução drástica. Coloquei o pote pra dormir lá fora. Sério. Abri a porta da cozinha e o coloquei perto do elevador dos fundos. Consegui uma paz de espírito incrível. Ainda não voltei pra olhar e ver se ele continua me esperando, mas tenho esperanças de que algum vizinho, passando por lá, tenha achado uma boa ideia se apropriar do meu pote de geléia de amoras.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sinuca.

Ontem recebi uma carta. Não veio pelo correio, como normalmente as cartas acontece, foi entregue em mãos o que pode até parecer uma ótima coisa mas, no meu caso foi terrível. Basicamente porque o conteúdo da carta era terrível. Não pretendo entrar em detalhes sobre isso porque aquelas palavras utilizadas formando um texto extremamente desagradável nada têm a ver com a dieta mas cito o fato porque o impacto da leitura está tentando afetar minha relação com a balança.

É, basicamente, um sentimento contraditório. Minha primeira vontade para desatar o nó na boca do estômago foi enche-lo de sorvete. Porém, mesmo que isso aliviasse por um lado, traria um peso na consciência gigantesco no que se refere a perda de peso. Sem contar que está frio e eu acabaria é com dor de garganta. Mas um raciocínio semelhante vale para os outros itens que aliviam a pressão emocional como chocolates, pizza, hambúrguer, um balde de torresmos... Tudo o que eu quero nesse momento engorda. É uma sinuca. Não posso aliviar uma coisa sem causar em outra e o resultado é que vou me sentir mal de qualquer forma. Não é uma beleza?

Pois é. Acho que a solução será voltar para minha velha companheira tabela de calorias, fazer uma contas e substituir as 100 calorias do lanchinho da tarde por uma dose de alguma coisa forte. Seja do tamanho que for. E o pior é que tem reunião geral às 16h00 e quero só ver qual será a reação dos meus superiores quando começar a fazer minha apresentação com a voz embolada. Espero que nenhuma vontade maluca de tirar a roupa me atinja. Ia ser difícil de explicar.