terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mas esse rabo não para?

Pessoal, arranjei um cachorro faminto! Tudo começou quando lhe dei uma linguiça num boteco meio sujo e ele acabou voltando para casa comigo. Desde então, já comeu 4 potes de arroz, um peito de frango inteiro, um pacote e meio de bolachas de água e sal e, curiosamente, sete cenouras. O primeiro nome que lhe dei foi linguiça, em homenagem a primeira refeição que tivemos juntos. Porém, fiquei pensando sobre o assunto e, dada minha condição dietética, chamar o pobre animalzinho de algo extremamente engordativo não faz muito sentido. Então, decidi arranjar um outro nome.

Ontem no final da tarde, estava no sofá comendo meu lanchinho, uma cenoura, enquanto meu amigo de quatro patas abanava o rabo de forma desengonçada, sentado em uma almofada. Dei um pedaço da cenoura para ele e dei risada em ver, mais uma vez, como gostava daquilo. Já tinha comido 5 inteiras até aquele momento. Fiquei na dúvida se não era um coelho no lugar de um cachorro. Tava aí uma boa solução para o nome. Cenoura, no lugar de linguiça. Porém, analisando melhor o cachorrinho, descobri que nenhum dos dois nomes serviria. Isso porque não havia nenhuma linguiça nem nenhuma cenoura. Sim, meu cachorrinho é uma cadelinha. Quando descobri, senti raiva do pessoal do pet shop. Por que me devolveram ela do banho vestindo uma gravata? Que sacanagem. Mal começamos a viver juntos e acho que terei que levá-la ao psicólogo para tratar de sua identidade sexual...

Mas o problema fica. Preciso de um nome. Alguma sugestão?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vira-latas

Nesse final de semana, achei que seria uma boa dar uma caminhada. Saí de casa lá pelas 10 da manhã e comecei a andar sem rumo pela cidade. Acho que meu corpo está respondendo bem às mudanças que provoquei nele, porque consegui vencer os primeiros cinco quarteirões sem colocar a língua pra fora e ficar ofegante. O dia estava realmente bonito, o que não necessariamente melhora a situação. Dada a cidade em que moro, pode ser o dia mais bonito da história; a coisa continua feia. Mas ao andar no final de semana é fácil perceber uma melhora significativa do ambiente em relação às caminhadas para o trabalho. Bem menos buzinadas, bem mais fácil de atravessar as ruas, bem menos gente emperrando o caminho. Bem menos obstáculos.

Algum tempo depois, o suor começava a escorrer pela minha testa, se misturar com o protetor solar e provocar uma leve sensação de ardência. Por que será que aquilo acontecia? Passei um tempo refletindo sobre propriedades químicas de minha pele. Pelo menos, acho que pensava em propriedades químicas, mas a verdade é que eu nunca vou saber. Ia ainda com minha reflexão quando entrei numa rua deserta e percebi que alguém estava me seguindo. Meu coração disparou e minhas pernas perderam um pouco de sua força. De repente, o cansaço que ainda não tinha se manifestado tomou conta de mim.

Respirei fundo e apertei o passo. Meu seguidor também aumentou a velocidade. Inclusive, ele ia muito mais rápido do que eu. Era apenas uma questão de tempo até que me pegasse. Olhei para os lados procurando desesperadamente um lugar pra me esconder. O medo tomava conta de mim. Cheguei à esquina sem esperanças. Ele me pegaria, e eu teria que arriscar. Mas então, meu caminho foi iluminado com esperança. Avistei, no meio do quarteirão, um botequinho com mesas na calçada e tudo. Corri pra lá, entrei e, assim que meu perseguidor foi entrar, na minha cola, um sujeito do lado de lá do balcão gritou:

- Some daqui, cachorro safado.

Agradeci a atitude e comentei que não tenho propriamente medo de cachorros, mas esses da rua, nunca dá pra saber como vão reagir. Meu peito estava bem mais leve e pedi uma água para lavar toda a adrenalina que tinha sido despejada em meu sangue. Ainda estava no mesmo lugar quando, uns 15 minutos depois, chegou a hora do lanche. Saquei minha barra de cereais e comecei a devorá-la. Meus dentes ainda trabalhavam quando olhei para o lado e adivinha quem estava lá? Sim, meu perseguidor. Sentadinho, olhando pra mim e lambendo os beiços. Não deu. Dei uma espiada no expositor de salgados do bar. Nenhum deles parecia muito apetitoso, mas comprei uma linguiça morfética que estava lá e dei para o cachorrinho. Ele considerou minha atitude como um início de amizade. Tanto que voltou a me seguir. E agora está dormindo no meu sofá, esperando sua consulta com o veterinário.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Casca grossa.

Ainda não tinha acabado o almoço quando um calor insuportável tomou conta de meu corpo e gotas de suor começaram brotar em minha testa. Me assustei com essa mudança de temperatura corporal repentina e pensei logo no pior. Devia ser algum vírus, tipo febre amarela, ou quem sabe vaca louca. Se bem que carne de vaca tem sido uma coisa bem rara nos últimos tempos para mim. De qualquer forma, precisaria passar uns dias de cama até me recuperar por completo e teria que visitar um medico e... Meu pequeno monologo hipocondríaco foi interrompido quando me dei conta de que o suadouro era apenas um reflexo da quantidade de pimenta acima do normal que coloquei na comida. Minha boca também ardia, então, só podia ser.

O problema é que não parava de arder. Isso, obviamente, despertou um pequeno desejo de sorvete como sobremesa, mas a melhor opção que tinha em casa era uma melancia. Adoro melancia, porque é uma fruta gostosa, com bastante água e que engorda muito pouco. Peguei uma fatia e comecei a lutar contra os caroços. Enquanto comia, um pensamento meio, digamos, maluco, me veio à mente. A melancia é uma fruta que comemos de dentro pra fora. Começamos pela pelo miolo, que é mais doce e saboroso, e vamos caminhando para a parte branca, sem sabor e sem graça. Tá certo que a fruta é um pouco grande, e sua casca é grossa, o que se torna um impeditivo, mas aproveitaríamos muito mais a melancia começando pela parte menos gostosa e deixando o melhor para o final. Mas não consegui imaginar nenhuma forma de descascá-la. Depois de um bom tempo me ocorreu que basta cortar um pedaço, tirar a casca, e comer de baixo pra cima. Problema resolvido. Tomara que eu me lembra da próxima vez, porque o pedaço de hoje já era.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A fome não se deixa enganar.

Digamos que o primeiro dia de dieta depois da dieta dificilmente será o melhor dia da sua vida. Achei que, depois de todo esse tempo, já teria me acostumado a passar meus dias vivendo das migalhas pouco calóricas que posso comer. Aparentemente, me enganei. Pensei tanto sobre o final nos últimos dias que acabei acumulando uma quantidade enorme de saliva não babada. Sabe quando um cachorro fica olhando alguém comer um sanduíche e fica com tanta vontade que uns fios de baba escorrem pelos lados de sua boca? Pois é, eu não babei, mas pensei tanto no que poderia comer a partir de hoje, que foi necessário engolir a saliva que jorrava abundantemente de minhas sonhadoras papilas gustativas. Moral da história, passei a manhã com muita fome de coisas que não posso comer.

Em uma tentativa desesperada de enganar a fome, resolvi fazer e tomar um café bem quente. Meu raciocínio: a bebida quente vai apaziguar o mimado do meu estômago e dar a sensação de tanque cheio. Não é que funcionou? Por uns dois ou três minutos, não pensei em comida. Tomei mais uma xícara. Dessa vez, aguentei cinco minutos. Tomei a terceira xícara. Aí, ferrou. Minha gastrite atacou com uma força absurda. Tentei aguentar, tentei esquecer, tentei até pensar em comida. Nada fez a dor ir embora. Tive que largar o batente e dar um pulo na farmácia aqui do lado, que não é tão do lado assim e comprar uma cartela de pastilhas de magnésia. No final das contas foi bom. Dei uma micro caminhadinha e fiz o menor prato dos últimos tempos durante o almoço. Agora, minha barriga não arde mais. Só falta a sensação de ter levado um soco na boca do estômago ir embora.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Merdaaaaa!

Quando acordei hoje pela manhã tinha grandes planos para o dia. Umas cervejas, um tablete de manteiga, um prato de macarrão com direito a repetição, queijo ralado e molho calórico. Sem falar de um bom pote de sorvete de pistache. Ou um plano B: cheese burguer. Ou um plano C: Bife com batata frita. Pra falar a verdade, tinha planos para todas as letras do abecedário. Mas algo que não estava planejado aconteceu. Achei que nada pudesse tirar o sorriso do meu rosto quando entrei no banheiro e encarei aquela caixa de plástico recheada com engrenagens. O disco rodante cheio de marcações pretas e a agulha vermelha, porém, conseguiram. Há 70 dias atrás, eu tinha um sonho. Perder 10 quilos em 10 semanas. Tentei tudo o que pude para conseguir isso. Comi porções em quantidades praticamente imaginárias, comi mais cenouras que um coelho e mais alface do que uma infestação de lagartas.

Não foi suficiente. Hoje acabou meu prazo. Meu peso: 75,1. Tá certo, não é o fim do mundo, mas como eu queria ver minha meta marcada lá, bonitinha, atingida!

A comilança de hoje a noite foi cancelada, a dieta continua, o blog continua.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Isso está morando no meu almoço.

Pra falar a verdade, até que demorou bastante tempo para isso acontecer. Mas aconteceu. Sabia que seria inevitável porque é uma coisa natural que acontece com saladas de tempos em tempos. Juntando o fato de que nos últimos tempos eu tenho comido salada praticamente todo dia, a probabilidade disso acontecer aumentou. Estava almoçando num restaurante por quilo aqui perto do trabalho. Fiz meu prato de maneira exemplar, cheio de salada temperada apenas com sal e limão e peguei um file de anchova grelhado. Uma maravilha. Porém, depois de duas ou três garfadas encontrei, entre uma folha de alface e um pedaço de beterraba, um ser totalmente indigesto. Isso mesmo, um bicho em minha salada!

Se tivesse um bom senso de humor, teria até feito uma piada sem graça sobre escargots, mas aquela lesminha certamente não era uma iguaria gastronômica. Era apenas uma lesminha e nada mais. A pobrezinha não tinha a menor idéia do que estava acontecendo com ela e ficava mexendo metade do corpo, de um lado para o outro, como se procurasse algum amigo no meio da multidão. Nem lhe passou pela cabeça o quão perto esteve de ser devorada. Porém, aquele... não sei o que uma lesma é, um inseto? Um réptil? Um fungo? Um Ecá?? Enfim, aquele bichinho não era a única coisa e se mover. Meu estômago entrou numa espécie de transe, que resultou em um movimento constante de contração e descontração, tentando empurrar para fora minhas três garfadas e sabe-se lá quantos outros parentes da lesminha que eu já tivesse ingerido. Respirei fundo para tentar me conter, mas minha boca estava descontrolada e acabou por vomitar, em alto e bom tom, a seguinte frase: “Porra, que merda é essa?”. Em alguns instantes, umas duas mocinhas do restaurante estavam em volta da minha mesa e a cena atraia a atenção de muitos curiosos, que olhavam agora com desconfiança para seus próprios pratos.

Uma senhora de uns 50 e poucos anos, que assumi ser a dona do estabelecimento, veio trotando até minha mesa e começou a se desculpar. Mantive a conversa num tom privado. Achei desnecessário alertar o restaurante todo sobre minha insatisfação. Afinal de contas, se a salada deles estivesse em boas condições, ia estragar seus almoços por nada. Porém, a tal da dona deu a entender que apenas um bichinho não justificava eu devolver meu prato todo e não pagar por ele. Respondi dizendo que a vigilância sanitária certamente descordava de sua posição. Ela não teve muito o que fazer. Levou meu prato embora. Mas quis que eu pagasse por minha água. Cada vez que ela insistia, eu repetia a frase “mas tinha uma lesma na minha salada”. E, cada vez, fazia isso um pouco mais alto. Quanto a atenção dos outros fregueses voltou a se dirigir para mim e eles quase podiam compreender quais eram minhas palavras, a dona cedeu e desencanou de receber qualquer dinheiro por qualquer coisa que eu tivesse consumido. Ainda acho que devia ter vomitado nos sapatos dela.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O elevador.

Hoje tive que fazer uns trabalhos na rua (ir ao banco e ao correio!) perto da hora do almoço. Como me mandaram numa agência perto de casa, tive a brilhante ideia de almoçar em minha residência. Meu estoque de folhas está bom, consegui uns pés bem bonitos ontem, e uma bela salada para combater o calor cairia feito uma luva. Fui até meu prédio, passei pela portaria e entrei no elevador. Me fazendo companhia, veio um garotinho do quinto andar. Não sabia o nome dele, mas desconfiei que ele gosta de futebol. Isso porque estava todo uniformizado, suado e com sapatos característicos, além de segurar uma bola. Dei um sorriso amigável, que foi respondido com uma fungada de nariz. Não me importei com suas maneiras, afinal de contas, ninguém espera que um garotinho que acabou de jogar bola se comporte feito um gentleman. O elevador começou a subir. Como estava quente lá. E, pra falar a verdade, aquele moleque não cheirava muito bem não. Como era devagar aquela subida... Fazia um barulho estranho e balançava mais do que o normal. Parecia que tinha alguma coisa errada.

Sim. Tinha uma coisa errada. Não tenho a menor ideia de qual tenha sido o problema, mas o fato é que a porcaria do elevador enguiçou em algum ponto entre os terceiro e quarto andares. Não vou contar como reclamei do meu azar porque, quem já leu meu blog alguma vez, sabe que reclamei muito. O garotinho, por sua vez, ficou assustado. Até que tentei acalmá-lo, mas em poucos instantes, lágrimas desciam de seus olhos e deixavam um rastro negro de sujeira e suor em suas bochechas. Até que ele era meio bochechudo. Nunca tinha feito isso antes, mas julguei que era o momento adequado para a primeira vez e apertei o botão com sinal de alarme no painel do elevador. A voz sonolenta e, cá entre nós, um tanto embriagada e, porque não, pastosa do porteiro soou dentro da caixa metálica em que me encontrava. Fiquei sabendo que ele tinha chamado a assistência técnica e eles estavam a caminho. Porque raios a assistência técnica? Porque não os bombeiros ou a guarda nacional? Acho que seria mais eficiente.

Enfim, sentei no chão, com as costas apoiadas na parede. O garoto, que vim a saber durante uma breve conversa se chamava Marquinhos, se apoderou da parede oposta para apoiar suas costas. Ele fuçava em sua mochila procurando alguma coisa. Achei que talvez fosse um gameboy ou algum outro tipo de vídeo game portátil, ou até mesmo algumas balas ou chicletes. Até lição de casa me passou pela cabeça, quem sabe ele era um garoto aplicado. Se bem que estamos em janeiro... Férias escolares. Mas isso não me ocorreu na hora. Nem isso, nem que o que ele procurava em sua mochila era um pacote de cheetos! Se tem uma coisa com a qual não preciso me preocupar muito em minha dieta são os salgadinhos. Tirando uma muito ocasional batata-frita, não gosto de nenhum deles. Mas cheetos não é uma questão de gosto, é uma questão de nervos. Não suporto o cheiro daquele negócio e julgo ser totalmente fora das normas sociais abrir um pacote desse negócio em ambiente fechado. Principalmente quando têm pessoas presas nesse ambiente. Agi rápido e, antes que Marquinhos conseguisse enxugar as lágrimas na manga da camisa e identificar qual lado do pacote ia virado para cima, fiz minha intervenção. Claro que foi de forma educada, mas o proibi com toda minha autoridade de pessoa velha, pelo menos muito mais velha do que ele, de comer aquilo até que o elevador voltasse a andar. Minha atitude não foi muito boa para seu estado emocional já fragilizado e assustado e, o que antes era um choro silencioso de pânico, se transformou em um baita berreiro com direito a soluços e tudo. Tive que esperar mais 25 minutos aguentando cheiro de queijo esquecido pra fora da geladeira até que o elevador voltasse a andar. Mas era isso ou a porcaria do garoto chorando e me enchendo de culpa.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Sobre café e bolachas.

Tem uma coisa que me incomoda desde o começo da dieta e acho que nunca comentei aqui. Um dos meus momentos preferidos para relaxar é ir a algum café e ler um pouco. Um bom livro ou até mesmo o jornal. Até uma revista ou outra de dieta. Não gosto de revistas, mas as sobre regime têm me dado até que dicas bem úteis. Bem, não é meu hábito de ir a cafés que nunca comentei, porque até já contei a história de como consegui um convite para jantar enquanto segurava minha xícara e tentava ler (post o encontro). O que me incomoda é minha relação com os biscoitinhos que vêm no pires.

Desde os 16 anos, quando troquei o leite com ovomaltine pela manhã por uma caneca de café preto, tomo a bebida sem açúcar. Portanto, para questões de ganho/perda de peso, esse nunca foi o problema. Mas, quando você está na rua, sempre servem alguma coisinha junto. Algumas vezes é uma bolachinha de gergelim, outras um chocolate de menta e ainda existe a possibilidade de vir meu acompanhamento preferido, um biscoitinho de amêndoas. Sempre devorei esses “extras”. Inclusive, quando era criança, enchia o saco de meus pais para que me dessem suas bolachinhas, já que minha coca vinha sempre desacompanhada. Achava um absurdo isso; por que tinha que pedir uma bebida amarga pra ganhar o docinho? Enfim, isso não é sobre minha infância e sim sobre como se livrar dos seus biscoitinhos calóricos durante uma dieta.

Nas primeiras vezes, tentei alertar a garçonete para que não trouxesse acompanhamento de nenhuma natureza. Não deu muito certo. Elas sempre se esqueciam. Tá bom, uma se lembrou. Mas não interpretou muito bem meu pedido. Não trouxe o copinho de água com gás, mas a bolachinha estava lá, no pires. Já que o pires sempre vem com alguma coisa comestível e engordativa, desenvolvi uma técnica para que ele volte com a mesma coisa, intacta. O primeiro passo é, assim que o café chegar à mesa, girar o pratinho em baixo da xícara de modo que o biscoitinho não fique visível. É claro que você já viu ele e sua cabeça, ou talvez seu estomago, já quer comê-lo, mas com um pouco de força de vontade dá pra esquecer que ele está lá. O segundo passo é, sempre que você levantar a xícara para tomar o café, olhar para algum outro ponto que deixe aquilo que você quer comer fora de seu campo de visão. Nas primeiras vezes, tentei tomar sem olhar, mas acabei babando. Não foi muito agradável. Hoje em dia eu apenas viro um pouco para o lado. Olho meio para o chão, meio para minha canela. Funciona. Quer dizer, às vezes olho para o lado e vejo a pessoa da outra mesa tomando um sorvete... daí, a coisa complica.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

As coisas boas da vida.

Como prometido, vim contar como foi meu almoço de ontem. Poderia perder horas descrevendo como o ambiente era agradável, mas não chegaria nem aos pés da realidade. Também, palavras não podem competir com um aroma tão delicioso como o que invadia as narinas a cada inspirada que se dava dentro daquele restaurante. Pois é, computador ainda não tem cheiro. Enfim, nós, chefona e eu, chegamos antes do cliente e ficamos esperando em uma mesa. Até aí, sem problemas, mas já era quase uma da tarde, ou seja, quase uma hora de atraso para meu almoço dieteticamente programado, e minha barriga começava a reclamar. Para um órgão que foi tão bem tratado durante a maior parte da minha vida, meu estômago se mostrou bem ingrato quando começou a se contorcer e a me provocar um desconforto que chegou até a se transformar em dor. Uma dor faminta. Para piorar um pouco mais minha situação, bem no meio da mesa e totalmente dentro do meu campo de visão, o couvert parecia estar realmente delicioso. Não me atrevi a provar nenhuma daquelas pastinhas/bolinhos/pãezinhos, mas foi uma dureza conseguir resistir.

O cliente chegou todo animado (entenda pessoa com fome prestes a comer; e comer bem) e, depois de um pouco de conversa, mergulhamos, nós três, na leitura detalhada do cardápio. Um matemático diria que meu problema era uma equação sem solução. Um químico, uma fórmula insolúvel. Um filósofo, um paradoxo. Insolucionável. Meu dilema era: queria manter a dieta, mas também queria comer bem, afinal de contas, não é todo dia que alguém te leva e se oferece para pagar a conta num lugar desses. Não fazia questão de comer muito, mas tinha que acertar no pedido. Tinha que ser alguma coisa muito boa. Dei uma espiada nas mesas ao meu entorno, pensando no que pedir, quando vi uma coisa que pareceu animadora. A maioria dos pratos vinha desmembrada. Mais ou menos assim. Em um prato, no qual as pessoas comiam, vinha o prato principal (carne). Em outros, os acompanhamentos e, por fim, os molhos vinham em tigelinhas. Na verdade não eram bem tigelas porque eram de metal, se bobear de prata, mas não sei outro nome pra isso.

Quando o garçom acabou de anotar o pedido de ambos os chefes, abaixei o cardápio e me preparei. Precisava de mais tempo para fazer a escolha certa, mas não queria “causar”. Acontece que eu “causei”. Pedi um filé de haddock, que é peixe e é cozido no leite, não frito na manteiga. Ponto positivo. Mas pedi pro garçom pra trocar o acompanhamento. Ele me olhou com uma cara meio estranha que dizia mais ou menos “qual é o seu problema? Ninguém troca os acompanhamentos aqui”, mas acabou cedendo. Pedi uma salada de folhas e justifiquei a minha chefe e ao meu (meu nada né, mas...) cliente que tinha um laço emocional muito forte com esse peixe acompanhado de salada, que era o que meu pai preparava para mim em meus aniversários e blá blá blá. Enfim, parece que minha troca não foi tão absurda assim. Tava muito bom e, a julgar pelos olhares daqueles que dividiam a mesa comigo, meu prato era o mais apetitoso. Só foi uma pena ter que deixar o molho de manteiga intocado em sua tigelinha metida a besta.

PS: quero agradecer a Fabi pelo selinho que me deu.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mais um almoço.

Em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas. Com o post de ontem, minha intenção nunca foi atrapalhar a dieta de ninguém, provocar desejos e muito menos deixar as pessoas com fome. Àqueles que sofreram de algum desses sintomas: foi mal.

Em segundo lugar, durante meu almoço com o seu Antônio, o velhinho da contabilidade, me senti meio mal por estar contaminando ele com colesterol. Ou, pelo menos, por desviá-lo de sua sopinha. Portanto, assim que sentamos, resolvi amenizar um pouco a situação. Ele bem que tentou pedir uma cerveja, mas eu lhe disse que, apesar de compartilhar o apreço por esse delicioso líquido, seria moral e socialmente condenável beber durante o expediente. Funcionou. Depois, discretamente, dispensei as batatas e a farofa que acompanhavam o frango e pedi uma salada dupla, a qual dividimos. Ainda estava pensando em uma maneira de convencê-lo a tirar a pele do frango quando me dei conta de que, se fizesse isso, talvez ele acabasse preferindo a sopinha que trouxera de casa. Outra preocupação era de que meu colega contador percebesse que estou de dieta quando me visse comendo apenas frango com salada. Como ele comeu a mesma coisa que eu, esse problema estava resolvido. Se bem que duvido que ele tivesse percebido, mesmo com outra configuração dos pratos. Estava entretido demais contanto histórias da sua vida de contador. Pra falar a verdade, algumas até que bem interessantes.

Em terceiro lugar, o frango estava, como eu sabia que estaria, seco e muito temperado e a salada, mal lavada, como em todo boteco. Porém, estava tudo delicioso e foi um dos melhores almoços dos últimos tempos. A vontade era tanta depois de passar a manhã inteira sonhando com aquele galináceo rodando no forno que, se tivesse vindo queimado acho que estaria bom igual.

Em quarto lugar, tenho uma balança de novo. Sabe, gosto muito mais dessa nova do que da antiga. Ela é mais bonita e está mais limpa, mas esse não é o motivo. Gosto mais dela porque ela me da um peso menor! Falta uma semana para chegar em meu prazo final para perder dez quilos e faltam apenas 900 gramas para minha meta. Isso vale 128,57 gramas a menos por dia. Será que vou conseguir?

Em quinto lugar, tenho que sair para almoçar, de novo. Hoje, sem botecos baratos. Vou a um restaurante na Haddock Lobo quase com a Estados Unidos, naquele quarteirão onde ficam alguns dos melhores restaurantes de São Paulo. É claro que não posso pagar por um almoço num lugar desses, mas vocês se lembram que terça-feira fui numa reunião? Pois é, pelo jeito o cliente chamou a chefona para conversar durante o almoço e minha querida chefona me chamou pra ir junto com ela. Sim, esses são os bons tempos. Tá certo que um pequeno desespero toma conta de mim nesse momento já que ainda não consegui imaginar nenhum jeito de manter a dieta durante as próximas horas. Mas até lá, vou pensar em alguma coisa. Espero. Enfim, deve ter um bom motivo para ela ter me convocado. Vou lá descobrir e depois, volto aqui para contar.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Não enche, estou vendo TV.

Se tivesse acontecido semana passada, durante o feriado, não teria tanto problema assim. Mas hoje é quarta-feira, meio de uma semana útil e lá pelas 8 e 55 da manhã, enquanto todas as pessoas descentes da cidade estavam trabalhando ou indo para o trabalho, lá estava eu, assistindo TV. Tudo bem, indecente mesmo seria ter ficado em casa, assistindo aos programas matinais no sofá e comendo sucrilhos, mas ter quase chegado ao escritório não melhora muito minha situação. Talvez eu seja uma pessoa quase descente... Enfim, nada muda o fato de que, duas quadras antes de chegar ao meu local de ganha pão, ou melhor, ganha salada, empaquei num botecão. Tá certo que, dito assim, parece coisa de alcoólatra, mas não é o meu caso. Se bem que foi por culpa de um vicio que me desviei do rumo.

É um tanto quanto embaraçoso contar isso, mas não deu pra resistir. O moço de uniforme azul escuro gasto e boné preto tinha acabado de fechar aquele forno decorado com 16 galináceos lindinhos que giravam num compasso uniforme. A cada volta, a cor da pele dos franguinhos ficava mais coloridinha e depois de uns dez minutos começaram a corar, muito levemente, e a exalar um aroma delicioso. Pra quem viu, deve ter sido uma cena ridícula: uma pessoa gorda parada no meio da calçada assistindo a uma TV de cachorro. Até que teria sido divertido fazer amigos, mas nenhum animal de 4 patas veio se sentar ao meu lado. Bom, moral da história: não deu pra resistir. Me aproximei do vidro relevando toda a gordura incrustada que havia nele e analisei os frangos, um por um, até escolher o meu. Se meu lado emocional fosse um pouco mais desenvolvido, não duvido nada que teria lhe dado um nome e levado pra casa como bichinho de estimação, de tão bonitinho que era. Chamei o moço do boné e pedi informações. Descobri que a fornada sairia ao meio dia em ponto. Me certifiquei de que eles vendiam salada naquela espelunca e paguei adiantado por minha ave rotativa. Queria ter certeza de que ela seria minha.

Quando cheguei no prédio do trabalho, já havia passado 20 minutos da hora de entrar, mas isso não tinha importância. Precisava era arranjar alguém para ceder metade do peito do frango. E as coxas, sobre-coxas e asas. E as batatas e a farofa que acompanham. Não posso reclamar de minha sorte, porque ela bateu em minha porta. Na verdade, foi o seu Antônio, o velhinho da contabilidade, que chegou esbaforido e segurou a porta. Do elevador. Até que eu tentei um bom dia, mas ele não via nada de bom. A única coisa que fez foi reclamar da esposa dele que tinha lhe mandado sopa para o almoço, uma nova dieta contra o colesterol... Não preciso contar o sorriso que brotou na cara do velho quando lhe ofereci praticamente um frango inteiro né?

Bom, agora deixa eu levar o seu Antônio pra almoçar, porque o velhinho já veio rondar o meu pedaço do escritório duas vezes. E olha que ele nunca aparece por aqui!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Mas assim fica mais gostoso.

Me escalaram para uma reunião com um cliente hoje de manhã. O escritório deles não fica muito longe, mas fica numa parte da cidade em que sempre me perco. Sabe aqueles bairros que as ruas dão mão apenas até a metade mas o Google maps nunca te conta esse detalhe? Antecipando uma possível dificuldade para chegar ao meu destino, saí bem cedo de casa. O que não levei em conta foi o trânsito maravilhosamente livre dessa época do ano. Não, não vou reclamar por ter chegado mais cedo do que o necessário porque as ruas apresentam essa tranqüilidade em apenas 5 dos mais ou menos 252 dias úteis do ano e isso deve ser aproveitado. Como ainda tinha metade de uma hora para preencher com alguma atividade, resolvi tomar meu lanchinho da manhã numa padaria que encontrei por lá. Sentei numa banqueta revestida com fórmica amarela, apoiei os pulsos no balcão de inox e pedi um expresso e um pão de queijo. O que se passou em seguida foi mais ou menos assim:

- Moço, eu pedi apenas um pão de queijo simples.
- Mas é isso mesmo, esse é o pão de queijo.
- Como assim? Você cortou ele no meio, passou manteiga e fritou na chapa.
- Não se preocupe não, assim ele fica mais gostoso.
- Mas eu não quero isso, eu quero apenas um pão de queijo! Você pode trocar ele pra mim?
- Pode não... Gerente tá de olho, vai ficar bravo.
- Faz assim, leva esse de volta, me traz outro e se o gerente disser alguma coisa, fala pra ele que minha religião não me permite comer pães cortados em 2.
- Você não tá entendendo não. Posso até trazer outro pão de queijo, mas esse que já tá ai, fica ai. Que que eu vou fazer com ele?
- Sei lá, costura de volta...
- Tá bom, vou trocar pra você.

*******

- Tá aqui.
- Mas moço! Você cortou ele no meio de novo!
- Mas dessa vez eu não passei manteiga.
- Não adianta, passou na chapa, ela está toda engordurada!
- É assim que agente esquenta. Você ia querer comer ele frio é?
- Vou! Traz outro... Quer saber, tudo bem, deixa esse mesmo, só traz mais um café.

Foi difícil. Acabei comendo apenas metade do que passou pela chapa, sem manteiga. Mas até que me diverti com a conversa que, talvez, lida, dê a impressão de que foi uma coisa seca, uma quase-briga. Mas não, ambas as partes levaram na brincadeira/cordialidade do começo ao fim. De qualquer forma, fui para a reunião e lá pela metade dela, entra um estagiário com uma bandeja, oferecendo mini pães de queijo. Todos eles estava cortadinhos no meio e recheados com manteiga. Ah, eu sei a procedência disso daí!!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mas tudo isso é frito!

Hoje a rotina voltou ao normal. Pelo menos era isso o que eu esperava quando venci o sono, levantei, engoli meu café e vim andando para o trabalho segurando desengonçadamente meu guarda-chuva. Mas meu dia, até agora, não foi tão normal assim. Depois de parar por quase 10 dias, o que mais tinha aqui no escritório era barata tonta. Pra falar a verdade, eu também não sabia muito bem por onde começar minhas tarefas, que continuam muitas. Mas não podemos perder as esperanças porque nesse mundo ainda tem gente com bom senso. E foi alguém de bom senso que convocou uma reunião geral para discutirmos o planejamento para as próximas semanas.

A sala estava mais vazia do que o normal porque uma boa parte da equipe emendou férias e prolongou um pouco o ano novo. Mas a reunião até que foi bem produtiva. Estávamos conseguindo entrar nos eixos e construir algo concreto, quando me dei conta de que a hora do almoço estava chegando e não havia previsão de termino para aquela brincadeira. Não posso dizer que não foi uma atitude nobre o que fez a chefona. Preocupada com os estômagos de sua equipe, avisou que tinha providenciado almoço para todo mundo. Comeríamos sem parar nossas atividades. A opinião geral pareceu gostar da idéia, mas eu fiquei com um pé atrás. Ninguém perguntou o que eu queria comer, apenas me informaram que o almoço estava chegando. E se fosse um sanduíche de linguiça? E se fosse macarrão com manteiga? Podia ser tantas coisas e, cá entre nós, apostaria alto que não seria uma saladinha.

E não foi. Cheguei perto de um ataque de nervos quando vi as caixinhas de comida chinesa sendo distribuídas sobre a mesa. Tudo o que estava em minha frente era frito! É como se fosse um pesadelo. Eu continuava imóvel enquanto as pessoas começavam a se servir. Não podia comer nada daquilo e não queria comer nada daquilo mas também, não queria ficar sem almoço. Puta saia justa. Mas, daí, eu tive uma idéia. Espiei o conteúdo das caixinhas e escolhi uma com arroz que já estava quase vazia. Coloquei um pouco, bem pouco de carne com brócolis e voltei para meu lugar. Peguei o palitinho. Ainda bem que minha habilidade para comer com palitinhos é ridícula, principalmente arroz. Me beneficiei da opacidade do papelão, que não permitia a ninguém ver o que eu tinha lá dentro e fui comendo, grãozinho por grãozinho. Meu almoço demorou quase quarenta minutos, mas tenho certeza que não passei da minha cota. Quando senti que já tinha comido o suficiente, ou melhor, quando encheu o saco comer com aqueles pauzinhos, fechei a caixinha e me livrei das sobras, como um criminoso se livra das provas de um crime.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Como eu quero minha ressaca.

O sol forte do meio dia pode ser bastante agressivo com a pele, mesmo quando entra por uma pequena fresta da janela deixada mal fechada. Mas uma dor que vem do centro de cada osso do corpo inutiliza cada músculo e faltam forças para que agente se arraste para um pedaço da cama com sombra. Ou até mesmo para puxar as cobertas para cima do rosto. Mas quem liga? É o primeiro dia do ano, nada mais normal do que uma ressaca.

Agora, existe mais de um tipo de ressaca. Tá certo que, esse ano, a técnica do copo quente fez com que eu tomasse um pouco de bebida com temperatura desagradável sem querer e é claro que, ao longo da festa, acabei bebendo um pouco mais do que minha cota dietética. Mas acho que foi a falta de costume com bebidas que me derrubou até meio dia. De qualquer forma, em algum momento durante a queima de fogos, acabei fazendo uma daquelas promessas de ano novo. Todo ano prometo isso faz uns 5 anos, mas nunca cumpri. Talvez, agora, depois de tornar minha promessa pública, isso vá de fato acontecer.

Minha promessa é uma ressaca diferente no primeiro dia de janeiro de 2012. Sim, uma ressaca muscular, de um corpo esgotado depois de correr a são silvestre no último dia desse novo ano. É claro que vou precisar treinar, afinal de contas, acho que a última vez que corri foi para me livrar da Joseleide, a moça da cozinha do colégio, que balançava sua escumadeira para minhas costas enquanto gritava “volta aqui e devolve esse pedaço de bolo! Ainda não está na hora do lanche!”. Mas até que correr por aí poderia ajudar na minha dieta. Isso aí, quem sabe não consigo ter um ano voltado para o atletismo? Seria, no mínimo, engraçado.