terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O elevador.

Hoje tive que fazer uns trabalhos na rua (ir ao banco e ao correio!) perto da hora do almoço. Como me mandaram numa agência perto de casa, tive a brilhante ideia de almoçar em minha residência. Meu estoque de folhas está bom, consegui uns pés bem bonitos ontem, e uma bela salada para combater o calor cairia feito uma luva. Fui até meu prédio, passei pela portaria e entrei no elevador. Me fazendo companhia, veio um garotinho do quinto andar. Não sabia o nome dele, mas desconfiei que ele gosta de futebol. Isso porque estava todo uniformizado, suado e com sapatos característicos, além de segurar uma bola. Dei um sorriso amigável, que foi respondido com uma fungada de nariz. Não me importei com suas maneiras, afinal de contas, ninguém espera que um garotinho que acabou de jogar bola se comporte feito um gentleman. O elevador começou a subir. Como estava quente lá. E, pra falar a verdade, aquele moleque não cheirava muito bem não. Como era devagar aquela subida... Fazia um barulho estranho e balançava mais do que o normal. Parecia que tinha alguma coisa errada.

Sim. Tinha uma coisa errada. Não tenho a menor ideia de qual tenha sido o problema, mas o fato é que a porcaria do elevador enguiçou em algum ponto entre os terceiro e quarto andares. Não vou contar como reclamei do meu azar porque, quem já leu meu blog alguma vez, sabe que reclamei muito. O garotinho, por sua vez, ficou assustado. Até que tentei acalmá-lo, mas em poucos instantes, lágrimas desciam de seus olhos e deixavam um rastro negro de sujeira e suor em suas bochechas. Até que ele era meio bochechudo. Nunca tinha feito isso antes, mas julguei que era o momento adequado para a primeira vez e apertei o botão com sinal de alarme no painel do elevador. A voz sonolenta e, cá entre nós, um tanto embriagada e, porque não, pastosa do porteiro soou dentro da caixa metálica em que me encontrava. Fiquei sabendo que ele tinha chamado a assistência técnica e eles estavam a caminho. Porque raios a assistência técnica? Porque não os bombeiros ou a guarda nacional? Acho que seria mais eficiente.

Enfim, sentei no chão, com as costas apoiadas na parede. O garoto, que vim a saber durante uma breve conversa se chamava Marquinhos, se apoderou da parede oposta para apoiar suas costas. Ele fuçava em sua mochila procurando alguma coisa. Achei que talvez fosse um gameboy ou algum outro tipo de vídeo game portátil, ou até mesmo algumas balas ou chicletes. Até lição de casa me passou pela cabeça, quem sabe ele era um garoto aplicado. Se bem que estamos em janeiro... Férias escolares. Mas isso não me ocorreu na hora. Nem isso, nem que o que ele procurava em sua mochila era um pacote de cheetos! Se tem uma coisa com a qual não preciso me preocupar muito em minha dieta são os salgadinhos. Tirando uma muito ocasional batata-frita, não gosto de nenhum deles. Mas cheetos não é uma questão de gosto, é uma questão de nervos. Não suporto o cheiro daquele negócio e julgo ser totalmente fora das normas sociais abrir um pacote desse negócio em ambiente fechado. Principalmente quando têm pessoas presas nesse ambiente. Agi rápido e, antes que Marquinhos conseguisse enxugar as lágrimas na manga da camisa e identificar qual lado do pacote ia virado para cima, fiz minha intervenção. Claro que foi de forma educada, mas o proibi com toda minha autoridade de pessoa velha, pelo menos muito mais velha do que ele, de comer aquilo até que o elevador voltasse a andar. Minha atitude não foi muito boa para seu estado emocional já fragilizado e assustado e, o que antes era um choro silencioso de pânico, se transformou em um baita berreiro com direito a soluços e tudo. Tive que esperar mais 25 minutos aguentando cheiro de queijo esquecido pra fora da geladeira até que o elevador voltasse a andar. Mas era isso ou a porcaria do garoto chorando e me enchendo de culpa.

9 comentários:

  1. Rapaz, que aventura heim! Só faltou contar se vc conseguiu comer bem depois dessa aventura né? Beijo!

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  2. Acho q eu ficaria apavorada presa num elevador..
    e com um pacote de salgadinhos cheirando a queijo..eita, ninguem merece!!
    Bjosss

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  3. Hahaha, realemente acho melhor o cheiro do cheetos do que um menino aos prantos em um lugar pequeno e fechado. Bjks

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  4. kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Eu detesto Cheetos, e imagino que deva ser pior ainda em um elevador. Aposto que depois desta, as folhas lhe pareceram maravilhosas.
    Bjs

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  5. É verdade ninguém merece Cheetos...hehehe

    Que aventura, hein? ;D

    Beijos, e uma ótima semana!

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  6. Oie linda,

    Quando eu trabalhava num hospital, já fiquei presa no elevador dele, junto com uma amiga....e ela tinha asma e ficou sem ar, e ainda bem que tinha uma enfermeira junto com a gente, mais foi um momento angustiante!!

    beijos e boa quarta

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  7. Nossa, q coisa heim! Detestaria ficar presa num elevador... afff
    Bjos e boa quarta!

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  8. cheguei aqui por acaso e adorei...
    putz...q susto, hein?
    eu ficaria igual ao garotinho, chorando....
    mas ainda bem q vc estava lá, pq senão o pobre coitado ia estar sozinho...

    /(,")\\
    ./_\\. Beijossssssssss
    _| |_................

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  9. Eu adoooooro Cheetos!
    Putz eu tenho maior medão de ficar presa em elevador,rs.
    Ótima quarta pra vc!
    Bjus

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