terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vá dormir lá fora.

Eu olhava para ele e ele, de alguma forma, olhava de volta para mim. Sedutor, intenso, interessante. Me ocorreu, por quanto tempo conseguiria sustentar aquela situação sem que nada além acontecesse? Talvez não muito. Percebi que mexia minhas mãos de forma insistente. Era o nervosismo tomando o controle. Não queria que nada acontecesse, mas vai saber... Nem sempre da pra resistir. Agora, pensando bem e olhando para trás, percebo que a coisa era totalmente ridícula. Permitam que eu explique. A cena era a seguinte: eu, com meu traseiro tamanho extra apoiado sobre uma das banquetas da cozinha, a mesa, um pote de geléia sobre seu tampo e nada mais. Uma das colegas de trabalho acabou de voltar de uma viagem para o sul, onde foi visitar umas fazendinhas e acabou trazendo um pote de geléia caseira para cada pessoa do escritório. Eu ganhei o meu e tinha que decidir o que fazer com ele.

Amoras. Um de meus sabores preferidos. Era o que dizia, escrito à mão, com uma letra não lá muito legível, o rótulo com desenhos cor de rosa, impresso em grande quantidade e usado por uma grande variedade de produtores dos mais variados cantos do país. Acho, a última parte é mera especulação. Mas talvez eu estivesse sofrendo à toa. Fazendo uma tempestade em copo d’água. Tinha uma chance de, por exemplo, eu nunca conseguir abrir a tampa. Ou, da receita usada para preparar aquela geléia em si deixar o produto final com um cheiro que não me apetecesse. Não dava pra saber. Se bem que são raras as coisas feitas com açúcar que não me apetecem, seja o cheiro que for.

Voltei a olhar o rótulo, procurando algum componente químico que me desse reação alérgica mas me lembrei que não tenho alergias. Mesmo se tivesse, não havia nenhuma indicação sobre os ingredientes daquela coisa, nem a tabelinha de calorias. Estava escrito apenas “Amora” no meio do papelzinho e a data de validade no canto. Talvez fosse essa a solução. Prolongar aquela situação até que a coisa se estragasse. Mas julguei que esperar até fevereiro de 2013 era meio fora de questão. Esperar qualquer segundo além dos 25 minutos que já havia perdido naquilo estava fora de questão. Tomei uma solução drástica. Coloquei o pote pra dormir lá fora. Sério. Abri a porta da cozinha e o coloquei perto do elevador dos fundos. Consegui uma paz de espírito incrível. Ainda não voltei pra olhar e ver se ele continua me esperando, mas tenho esperanças de que algum vizinho, passando por lá, tenha achado uma boa ideia se apropriar do meu pote de geléia de amoras.

2 comentários:

  1. nossa, boa ideia isso, eu ja coloquei uma lata de leite condensado no ralo da pia, virei tudo, de olhos fexados...rsrsrsr

    vc fez bem, se não ia acabar provando e não ia aguentar só cm uma colher, pq os doces gauchos são deliciosos rsrsrsr


    Bjus ♥

    ResponderExcluir
  2. A geléia de amora, 1 colher de sopa apenas, mesmo não sendo diet, não é tão prejudicial assim ao emagrecimento. O negócio é ficar naquela colher né? Na dúvida, livrou-se dela...
    Beijos

    ResponderExcluir